quinta-feira, setembro 27, 2012

Diferenciação.


        A identidade de cada um é marcada por diferenças.
       Tanto nas escolas, quanto fora delas, é notável a presença do poder de diferenciação que a sociedade obtém. As pessoas detêm o poder de incluir, excluir, demarcar fronteiras e classificar o outro que, na sua diferença, é também semelhante. Referi-me anteriormente as escolas, pois é nesse âmbito em que ocorrem várias experiências de descoberta e construção de identidade.
      A criação de rótulos é um problema gerado a partir do conhecimento das diferenças que há entre cada pessoa. Quando um adolescente se destaca na sua turma da escola, ele acaba sendo rotulado pelos colegas que não possuem a mesma característica, o que pode acabar influenciando sua vida e seus relacionamentos. A identidade e a diferença são inseparáveis, no entanto, enquanto jovens, não somos capazes de perceber isso e acabamos tratando uma simples característica como um defeito.
      Apresento, como prova do argumento anterior, a experiência que a nossa turma de Ensino e Identidade Docente vivenciou em uma das aulas: a professora colou etiquetas com rótulos em nossas testas, no entanto, cada um não podia ver com que característica estava rotulado. Nos tratávamos pela ordem da etiqueta e esse tratamento era a chave para descobrir qual era o rótulo. A minha etiqueta era ‘Concorde Comigo’ e demorei um bom tempo para descobrir isso... eu percebia que todos reafirmavam o que eu dizia: “Com certeza.” “Concordo contigo.” “Isso mesmo.”. Me senti uma completa idiota, pois acreditava que estavam brincando com a minha opinião. A Marina Malka recebeu o rótulo “Ignore-me” e se sentiu excluída, como se não soubesse dos assuntos e não pudesse opinar sobre eles. A colega Bruna Passos recebeu a etiqueta “Confiável” e sentiu um sobrepeso de confiança e informação. A Nati Nodari tinha a etiqueta “Sensível” e se sentiu superprotegida, fraca, impotente e até mesmo passando um papel de idiota, por parecer precisar sempre do apoio de outras pessoas.
      A experiência realizada em aula mostra o quanto podem incomodar esses rótulos que criamos, muitas vezes automaticamente, para as pessoas. Uma característica ou uma diferença não são motivos para considerar aquela pessoa apenas daquele jeito, partindo de tal visão. O caráter de cada um vai muito além de uma característica. Mas, como é afirmado no texto (Identidade e Diferença) a diferença e a identidade não são inocentes e suscitam esse poder de rotulação. 

WOODWARD, Kathryn. Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 11a ed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. p.73-102.

terça-feira, setembro 25, 2012

Educação + Tecnologia


Olá colegas!
 Gostaria de dividir com vocês este texto, do autor José Manuel Moran, que trata, de um modo sutil, da relação entre educação e tecnologias. Acredito que as tecnologias já estão fortemente presentes na educação, porém espero que as aulas presenciais não se extingam, pois junto com elas perderemos o contato físico e mais concreto da relação professor-aluno. Alguns trechos do texto são muito inspiradores e motivadores!!
Comentem :D

A educação que desejamos
José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância

A educação tem que surpreender, cativar, conquistar os estudantes a todo momento. A educação precisa encantar, entusiasmar, seduzir, apontar possibilidades e realizar novos conhecimentos e práticas. O conhecimento se constrói a partir de constantes desafios, de atividades significativas, que excitem a curiosidade, a imaginação e a criatividade .
A escola é um dos espaços privilegiados de elaboração de projetos de conhecimento, de intervenção social e de vida. É um espaço privilegiado de experimentar situações desafiadoras do presente e do futuro, reais e imaginárias, aplicáveis ou limítrofes. Para promover o desenvolvimento integral da criança e do jovem só é possível com a união do conteúdo escolar com a vivência em outros espaços de aprendizagem.
Quanto mais tecnologias avançadas, mais a educação precisa de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas . São muitas informações, visões, novidades. A sociedade torna-se cada vez mais complexa, pluralista e exige pessoas abertas, criativas, inovadoras, confiáveis.
Caminhamos para ter aulas com acesso wireless, que favorecem que a transformação realmente em aulas-pesquisa com facilidade. Aulas com cada vez menos momentos presenciais e mais conectados.
Caminhamos para ter as cidades digitais, conectadas, o acesso podendo ser feito de qualquer lugar e a qualquer hora e com equipamentos acessíveis. Quanto mais acesso, mais necessidade de mediação, de pessoas que inspirem confiança e que sejam competentes para ajudar os alunos a encontrar os melhores lugares, os melhores autores e saber compreendê-los e incorporá-los à nossa realidade. Quanto mais conectada a sociedade, mais importante é termos pessoas afetivas, acolhedoras, que saibam mediar as diferenças, facilitar os caminhos, aproximar as pessoas.
Educar é um processo complexo que exige neste momento mudanças significativas. Investindo na formação de professores no domínio dos processos de comunicação envolvidos na relação pedagógica e no domínio das tecnologias, poderemos avançar mais de pressa, sempre tendo consciência de que em educação não é tão simples mudar, porque há toda uma ligação com o passado que é necessário manter e também uma visão de futuro à qual devemos estar atentos. Não nos enganemos. Mudar não é tão simples e não depende de um único fator. O que não podemos é cada um jogar a culpa nos outros para justificar a inércia, a defasagem gritante entre as aspirações dos alunos e a forma de preenchê-las. Se os administradores escolares investirem em formação humanística dos educadores e no domínio tecnológico, poderemos avançar mais.
Estamos caminhando para uma aproximação sem precedentes entre os cursos presenciais (cada vez mais semi-presenciais) e os a distância . Os presenciais terão disciplinas parcialmente a distância e outras totalmente a distância. E os mesmos professores que estão no presencial-virtual começam a atuar também na educação a distância. Teremos inúmeras possibilidades de aprendizagem que combinarão o melhor do presencial (quando possível) com as facilidades do virtual.
Em poucos anos dificilmente teremos um curso totalmente presencial. Por isso caminhamos para muitas fórmulas de organização de processos de ensino-aprendizagem. Vale a pena inovar, testar, experimentar, porque avançaremos mais rapidamente e com segurança na busca destes novos modelos que estejam de acordo com as mudanças rápidas que experimentamos em todos os campos e com a necessidade de aprender continuamente.
Caminhamos para formas de gestão menos centralizadas, mais flexíveis, integradas; para estruturas mais enxutas. Está em curso uma reorganização física dos prédios: Menos quantidade de salas de aula e mais funcionais, todas com acesso à Internet. Os alunos começam a utilizar o notebook para pesquisa, para busca de novos materiais, para solução de problemas. O professor universitário também está conectando-se mais em casa e na sala de aula e tem mais recursos tecnológicos para exibição de materiais de apoio para motivar os alunos e ilustrar as suas idéias. Teremos mais ambientes de pesquisa grupal e individual em cada escola; as bibliotecas se converterão em espaços de integração de mídias, software, bancos de dados e assessoria. Haverá uma aproximação sem precedentes entre organizações educacionais e corporativas.
O processo de mudança na educação não é uniforme nem fácil. Iremos mudando aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacionais. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão preparados para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade.
As possibilidades educacionais que se abrem e os problemas são imensos. Haverá uma mobilidade constante de grupos de pesquisa, de professores participantes em determinados momentos, professores da mesma instituição e de outras. Muitos cursos poderão ser realizados a distância com som e imagem, principalmente cursos de atualização, de extensão. As possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao número de pessoas envolvidas.
Os problemas também serão gigantescos, porque não temos experiência consolidada de gerenciar pessoas individualmente e em grupo, simultaneamente, a distância. As estruturas organizativas e currículos terão que ser muito mais flexíveis e criativos, o que não parece uma tarefa fácil de se realizar.
Numa sociedade em mudança acelerada, além da competência intelectual, do saber específico, é importante termos muitas pessoas que nos sinalizem com possibilidades concretas de compreensão do mundo, de aprendizagem experimentada de novos caminhos, de testemunhos vivos -embora imperfeitos- das nossas imensas possibilidades de crescimento em todos os campos.
O que faz a diferença no avanço dos países é a qualificação das pessoas. Encontraremos na educação novos caminhos de integração do humano e do tecnológico; do racional, sensorial, emocional e do ético; do presencial e do virtual; da escola, do trabalho e da vida em todas as suas dimensões.

[A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá . Papirus, 2007, p. 167-169] - http://www.eca.usp.br/moran/desejamos.htm

segunda-feira, setembro 03, 2012

Pra começo de conversa...

Oi pessoal :D
Adorei a ideia de criar um blog para expor pensamentos e realizar trabalhos relacionados à disciplina Ensino e Identidade docente. Hoje a tecnologia está muito presente em nossas vidas, saber usá-la a favor da educação é muito importante para os atuais e futuros professores.

Bom, me chamo Elisângela Luiza Pretto e estou cursando Letras com habilitação em português e espanhol na UFRGS.

Decidi prestar vestibular para tal curso apenas 24hs antes das inscrições serem encerradas. Como em todo adolescente, minha cabeça era muito confusa, pois milhares de ideias giravam e se embolavam ali. Durante o ensino médio considerei muitas possibilidades de carreira, entre elas eu destacaria: Direito, Jornalismo, Engenharia Metalúrgica, Psicologia e Letras. Prestei vários vestibulares para diferentes áreas. Na medida em que os meses se passavam alguns cursos eram retirados de minha lista, eu pesquisava sobre cada um e então ia descartando. Quando cheguei ao terceiro ano decidi realizar um teste vocacional que, após realizado, apontou minhas características significativamente para a área de humanas. Foi aí que realmente decidi ser professora.

Após 13 anos de estudo em escola pública decidi que gostaria de ser como alguns mestres ou melhor do que eles. Decidi que faria o possível para melhorar o ensino, fazendo a minha parte, sendo professora! Primeiro escolhi ser professora, depois fiquei em dúvida: Ciências Sociais ou Letras? Eis que optei pelo curso certo, e aqui estou para dizer que não me arrependo e adoro os conteúdos que estudamos. Agora em 2012 comecei a dar aulas e logo tive certeza de que é isso que eu quero pra mim!