A
identidade de cada um é marcada por diferenças.
Tanto
nas escolas, quanto fora delas, é notável a presença do poder de diferenciação
que a sociedade obtém. As pessoas detêm o poder de incluir, excluir, demarcar
fronteiras e classificar o outro que, na sua diferença, é também semelhante. Referi-me
anteriormente as escolas, pois é nesse âmbito em que ocorrem várias experiências
de descoberta e construção de identidade.
A
criação de rótulos é um problema gerado a partir do conhecimento das diferenças
que há entre cada pessoa. Quando um adolescente se destaca na sua turma da
escola, ele acaba sendo rotulado pelos colegas que não possuem a mesma
característica, o que pode acabar influenciando sua vida e seus relacionamentos.
A identidade e a diferença são inseparáveis, no entanto, enquanto jovens, não
somos capazes de perceber isso e acabamos tratando uma simples característica como
um defeito.
Apresento,
como prova do argumento anterior, a experiência que a nossa turma de Ensino e
Identidade Docente vivenciou em uma das aulas: a professora colou etiquetas com
rótulos em nossas testas, no entanto, cada um não podia ver com que
característica estava rotulado. Nos tratávamos pela ordem da etiqueta e esse
tratamento era a chave para descobrir qual era o rótulo. A minha etiqueta era ‘Concorde
Comigo’ e demorei um bom tempo para descobrir isso... eu percebia que todos reafirmavam
o que eu dizia: “Com certeza.” “Concordo contigo.” “Isso mesmo.”. Me senti uma
completa idiota, pois acreditava que estavam brincando com a minha opinião. A
Marina Malka recebeu o rótulo “Ignore-me” e se sentiu excluída, como se não
soubesse dos assuntos e não pudesse opinar sobre eles. A colega Bruna Passos
recebeu a etiqueta “Confiável” e sentiu um sobrepeso de confiança e informação.
A Nati Nodari tinha a etiqueta “Sensível” e se sentiu superprotegida, fraca,
impotente e até mesmo passando um papel de idiota, por parecer precisar sempre
do apoio de outras pessoas.
A experiência
realizada em aula mostra o quanto podem incomodar esses rótulos que criamos,
muitas vezes automaticamente, para as pessoas. Uma característica ou uma
diferença não são motivos para considerar aquela pessoa apenas daquele jeito,
partindo de tal visão. O caráter de cada um vai muito além de uma
característica. Mas, como é afirmado no texto (Identidade e Diferença) a
diferença e a identidade não são inocentes e suscitam esse poder de rotulação.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 11a ed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. p.73-102.
Oi querida,
ResponderExcluiradorei a forma como tu relacionou os conceitos com a vivência da atividade em sala de aula. Me parece que, de fato, a atividade contribuiu para perceber de forma "visceral" o peso que os rótulos (positivos ou negativos) podem representar nas relações que estabelecemos e, em especial, na sala de aula.
Um carinhoso abraço,
Profa. Nádie